Fernando Pessoa: Where Is My Life Going (From Portuguese)

Where is my Life Going
By Fernando Pessoa
Translated by A.Z. Foreman

Where's my life going? Who is taking it? 
Why do I always do what I did not want to do?
What destiny in me keeps going in dark as yet? 
What part of me unknown to me is guiding me through?

My destiny has direction and a sense. 
My life hews to a certain scale and path.
But myself-awareness is just an outline sketch
Of what I do and am. I is more than that.

I do not know myself in what I know I do.
I never reach an end with end in mind.
The pain or pleasure I embrace is something else. I move
On. But in me there is no I that moves in kind.

Who am I, Lord, in your darkness and your smoke?
What soul is in my soul besides my own?
Why give me feelings of an aim if I just don't
Seek the aim I seek, if nothing in me goes on

Except by an effort of my steps not of my doing?
Except by a fate hidden from me in my acts?
Why am I conscious if consciousness is illusion?
What am I between What and the Facts?

Shut my eyes! Take the sight of my soul away.
Illusions! Since I know nothing of life or me, 
May I at least enjoy that nothing with no faith
May I at least sleep on through living, like a forgotten beach.

The Original:

Para onde vai a minha vida, e quem a leva?
Por que faço eu sempre o que não queria?
Que destino contínuo se passa em mim na treva?
Que parte de mim, que eu desconheço, é que me guia?

Meu destino tem um sentido e tem um jeito,
A minha vida segue uma rota e uma escala
Mas o consciente de mim é o esboço imperfeito
Daquilo que faço e sou: não me iguala

Não me compreendo nem no que, compreendendo, faço.
Não atinjo o fim ao que faço pensando num fim.
É diferente do que é o prazer ou a dor que abraço.
Passo, mas comigo não passa um eu que há em mim.

Quem sou, senhor, na tua treva e no teu fumo?
Além da minha alma, que outra alma há na minha?
Por que me destes o sentimento de um rumo,
Se o rumo que busco não busco, se em mim nada caminha

Senão com um uso não meu dos meus passos, senão
Com um destino escondido de mim nos meus actos?
Para que sou consciente se a consciência é uma ilusão?
Que sou entre quê e os fatos?

Fechai-me os olhos, toldai-me a vista da alma!
Ó ilusões! Se eu nada sei de mim e da vida,
Ao menos eu goze esse nada, sem fé, mas com calma,
Ao menos durma viver, como uma praia esquecida…

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